Construção civil fecha acordo que obriga empresas a matricularem trabalhadores em curso de alfabetização
Na campanha salarial deste ano, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Piracicaba (Sinticompi) e os empresários do setor estabeleceram uma cláusula do acordo que obriga as empresas a matricularem seus funcionários analfabetos e semi-analfabetos nas aulas de alfabetização, inclusive com exigência de freqüência às aulas. De acordo com o presidente do sindicato, Milton Costa, o acordo foi assinado com a Associação das Construtoras de Piracicaba, Associação das Indústrias de Mármores e Granitos, com a de Olarias e Pinturas, uma vez que há uma estimativa de que aproximadamente 70% dos trabalhadores que atuam no setor na base da entidade são semi-analfabetos, enquanto que 20%, deste total, realmente são analfabetos.
Paralelo a isso, o sindicato renovou o compromisso com a Secretaria de Educação do Município, através de encontro que teve na semana passada com a titular da pasta, Ângela Jorge Corrêa, de manter o projeto de alfabetização tripartite nos canteiros de obras, lançado no início do ano passado, que envolve a própria secretaria, o Sinticompi e as empresas do setor. Através desta parceria, o município entra com o material didático, professor e lanches, enquanto que o sindicato viabiliza o local para a realização das aulas e o empresariado de liberar o trabalhador uma hora mais cedo para que possa freqüentar as aulas, sem prejuízo salarial. “Estivemos reunidos com a secretária, na semana passada, e recebemos a garantia de que esta parceria será mantida até porque Piracicaba acaba de receber o selo do Ministério da Educação como município que está livre do analfabetismo”, ressalta Milton Costa.
De acordo com o líder sindical, o acordo firmado com as empresas do setor visa forçar as empresas a participarem deste projeto de alfabetização de trabalhadores, uma vez que a participação de trabalhadores está aquém do que se planejou inicialmente, quando foi lançado em janeiro do ano passado. O projeto tem a finalidade de alfabetizar trabalhadores do setor, através de um projeto mútuo, em que os trabalhadores terão duas horas de aula por dia, durante três vezes por semana, com as empresas doando uma hora de trabalho por dia, e a Prefeitura coordenando a parte pedagógica. “Atualmente, temos uma turma de alunos que têm aula toda segunda, terça e quinta-feira, no sindicato, mas queremos ampliar para atender toda uma demanda que possuímos”, ressalta.
Para Milton Costa, este projeto de alfabetização é fundamental, uma vez que “vivemos um novo momento e que o trabalhador que não está alfabetizado encontra muita dificuldade em atuar no setor. Por isso, as próprias empresas devem ter interesse em contribuir com este processo de alfabetização, onde todos sairão ganhando. A empresa por ter profissionais mais qualificados e o próprio trabalhador, que mais capacitado, consequentemente, terá melhor remuneração, já que terá possibilidade de desenvolver melhor suas tarefas”, completa o presidente do sindicato.
Vanderlei Zampaulo – MTb-20.124