Em ato público, sindicatos filiados ao Conespi pedem o fim dos acidentes e doenças do trabalho

_DSC0151Em ato público realizado nesta manhã de terça-feira, 28 de abril, sindicatos de trabalhadores filiados ao Conespi (Conselho das Entidades Sindicais de Piracicaba) pediram o fim dos acidentes e doenças do trabalho, que são responsáveis por tirar e mutilar vidas. O ato foi realizado na Praça José Bonifácio, em frente à Catedral de Santo Antonio, e marcado por sindicalistas vestindo preto,  marcha fúnebre, esquete teatral, faixas e cartazes denunciando os acidentes de trabalho, velas e até um caixão, para enfatizar que muitos trabalhadores têm perdido a sua vida enquanto trabalhava, simplesmente por falta de segurança.

A manifestação, como destaca o presidente do Conespi, Fânio Luis Gomes, marca o 28 de abril na cidade, “Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho”. Fânio lembrou que no ano passado foram registrados 10.133 acidentes de trabalho em Piracicaba, sendo sete deles fatais. “É contra isso que estamos protestando, com a finalidade de chamar a atenção da opinião pública e conscientizar os trabalhadores para que não aceitem trabalham em situações que colocam suas vidas em risco”, ressaltou, acrescentando: “queremos acidentes zero. Queremos o trabalhador trabalhando com saúde e segurança”.

_DSC0078 _DSC0104 _DSC0108O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Piracicaba (Sinticompi), Milton Costa, bastante emocionado, lembrou que só no seu setor foram registrados cinco mortes no ano passado e que apesar de Piracicaba ter o Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) e a Gerência do Ministério do Trabalho, faltam estrutura para que estes órgãos possam desenvolver um trabalho ainda mais forte no combate a ambientes de trabalho que colocam em risco a saúde e a segurança do trabalhador. “Todo acidente é previsível e prevenível”, disse Milton Costa. Já Paiva, também demonstrando emoção, destacou que os acidentes continuam acontecendo na cidade, sendo registrados neste ano um total de 2.295, o que dá uma média de 22 por dia.

O também diretor do Conespi e presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Papel, Paleão e Cortiça de Piracicaba, Francisco Pinto Filho, o Chico, chamou a atenção para a necessidade de atuação na base, nos locais aonde acontecem os acidentes. “Temos um trabalho há  mais de 10 anos, mas temos que ampliar ainda mais e desmistificar que a culpa do acidente é sempre do trabalhador, como boa parte das empresas tem enfatizado. No entanto, só vamos mudar esta realidade com ações, com os sindicatos participando ativamente nas empresas, inclusive nas Cipas (Comissões Internas de Prevenção aos Acidentes), e até colocando cláusulas de barreiras nas convenções coletivas de trabalho”, reiterou, além de chamar a atenção para as vítimas de acidentes de trabalho: “aonde estão estes trabalhadores, muitas vezes mutilados por acidentes de trabalho? Temos que aprofundar este trabalho e chegar também nestas pessoas”, completou.

O ato reuniu diversos sindicalistas, como da alimentação, bancários, metalúrgicos, papeleiros, comerciários, construção civil, hoteleiros, jornalistas, técnicos de segurança, professores, movimentadores de mercadorias, aposentados, aposentados metalúrgicos, lava rápido, tecelagem, entre outros. O presidente do Sindicato dos Comerciários, Roberto Previde, também denunciou a subnotificação dos acidentes pelas empresas. “No comércio, há cada três acidentes, apenas um é  aberto a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT)”, disse.

Diversos vereadores também estiveram no ato e o presidente da Câmara de Vereadores, Matheus Erler, informou que o legislativo piracicabano aprovou na noite desta última segunda-feira, projeto de lei de autoria do vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT), também vice-presidente do Conespi, que institui no município o “Dia Municipal em Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho”.  O presidente da Câmara engrossou a defesa do trabalho com segurança, criticando o “capitalismo selvagem” e conclamando o empresariado a oferecer mais segurança nas empresas, enfatizando que nenhuma vida pode ser substituída.

Vanderlei Zampaulo – MTb-20.124

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