Pedreiro de obra do parque automotivo morre após passar mal em alojamento

O pedreiro Elton Ney da Costa e Silva, de 26 anos, que prestava serviços para a construtora Hoss, responsável por parte das obras no parque automotivo instalado em Piracicaba, morreu na madrugada desta quarta-feira (14), após passar mal no alojamento em que morava, no Distrito de Tupi. Outros três trabalhadores que moram no mesmo barracão estão com suspeita de tuberculose, segundo o Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador). O alojamento foi parcialmente interditado nesta quarta-feira à tarde.

Na tarde da terça-feira, Silva queixou-se de dores abdominais e foi levado ao Pronto-Socorro do Piracicamirim, transferido à Santa Casa, mas não resistiu. O médico que recebeu o pedreiro pediu exame necroscópico para apurar as causas da morte, mas a suspeita do Cerest é de que tenha sido intoxicação alimentar. O laudo do IML (Instituto Médico Legal) será liberado em 30 dias. De acordo com o advogado da Hoss, Mauro Malatesta, o trabalhador passava por processo demissional e, à tarde, teria comido em uma lanchonete, fora do alojamento.

Na manhã desta quarta-feira (14), o Cerest esteve no alojamento, onde Silva morava, e constatou diversas irregularidades. “Para começar, o local tinha 180 trabalhadores, quando a norma permite apenas 100”, explica Marcos Hister, técnico em segurança do trabalho do Cerest.

Além disso, havia muitas camas amontoadas em um mesmo quarto, as fossas estão entupidas, o entorno do barracão está com muito mato e sujeira, os chuveiros só têm água fria e não há condições de higienização e conservação.

“Os trabalhadores devem ser encaminhados para um hotel e os três que estão doentes devem ser levados urgente para o hospital, porque se for tuberculose, a vida dos outros está em risco”, observa Hister. Todos os homens são do Piauí.

A Hoss informou que irá providenciar cinco casas para reacomodar os trabalhadores e diz que não há casos de trabalhadores doentes. “Não sabemos extamente o que aconteceu. É preciso aguardar o laudo do IML. Nunca tivemos problemas de saúde com nossos trabalhadores. Ele (Marcos Hilster) deveria se preocupar mais com as obras. Não tem qualificação para falar sobre problemas de saúde”, diz o advogado da empresa, que disse não saber informar para qual empresa do pólo automobilístico a Hoss presta serviço. “Trabalhamos para muitas empresas e isto não é relevante. Ele era nosso funcionário”.

Interdição
O alojamento foi parcialmente interditado na tarde desta quarta-feira. “Eles alugaram outro barracão para abrigar mais trabalhadores e não tinham avisado o Cerest, então estava irregular”, conta Hister.

O local já foi interditado há cinco meses pelo próprio Cerest e liberado três meses após, mas, segundo Hister, atualmente está em condições precárias novamente. “Todos os trabalhadores estão parados, porque eles estão indignados com o desprezo da empresa”, revela.

Os trabalhadores já haviam prestado queixa à empresa, mas não tiveram retorno. “O Cerest vai voltar ao local amanhã e se a construtora não tiver tomado as providências, ela será penalizada e pode ser multada em até R$ 170 mil”, afirmou Hister.

Nota da redação: ao contrário do que foi informado pelo Cerest, a construtora Hoss não está entre as contratadas pela Hyundai para trabalhar no Parque Automotivo. Sobre as interdições de alojamento, a Hyundai afirmou que há dois meses começou a fazer auditoria em todos os seus fornecedores para verificar as condições dos alojamentos.

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